20/04/2022 CDL INFORMA

Economista da FCDL-MG fala ao Diário do Comércio sobre saque do FGTS

Economista da FCDL-MG fala ao Diário do Comércio sobre saque do FGTS

O saque do FGTS, liberado pelo governo como medida para o aquecimento da economia, pode ser uma solução a curto prazo para o comércio, inclusive quanto ao consumo futuro. Mas, a médio e longo prazos, os empresários, que hoje estão otimistas com a injeção de recursos no mercado, podem enfrentar um outro problema: o aumento dos índices de inadimplência.

 

A partir da próxima quarta-feira (20), 42 milhões de trabalhadores poderão solicitar o saque extraordinário de R$ 1.000 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O pagamento será feito conforme o mês de nascimento do beneficiado, até 15 de junho. No dia 20, recebem os nascidos em janeiro. Até lá, o trabalhador poderá verificar data e valor do pagamento na nova versão do app FGTS, que a Caixa Econômica Federal lançou na última sexta (8).

 

Calcula-se que R$ 29 bilhões serão injetados na economia nacional. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 36% (cerca de R$ 10 bilhões) desse valor deverão ser aportados no comércio, 34% (cerca de 9,8 bi) no setor de serviços, 24% (cerca de 6,9 bi) no pagamento de dívidas e 6% (cerca de 1,7 bi)  no consumo futuro.

 

O que pode ser uma festa para o comércio. “Essa movimentação aponta expectativas positivas para o comércio. Em meio a uma inflação que está crescendo e comprometendo a renda das famílias, a injeção de recursos poderá movimentar o setor do comércio ligado a bens essenciais, principalmente os alimentícios”, aponta a economista da Fecomércio, Gabriela Martins.

 

“O impacto será menor no setor de eletrodomésticos e vestuário mas, de toda forma, é esperado, em certa medida, um aumento nas vendas no comércio”, completa.

 

O economista da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG), Vinicius Carlos Silva, concorda. “Nós, na Federação, acreditamos que vai ser bem positivo para o comércio, principalmente na questão do consumo futuro”, afirma. “Ao quitar suas dívidas, o consumidor tem uma folga e se prepara para comprar futuramente”, explica.

 

Dia das Mães

Um ponto que anima o comércio varejista é que os saques começam no dia 20 de abril, uma data bem próxima à do Dia das Mães, que será comemorado em 8 de maio. “O consumidor pode então se programar para uma data que é importante pra gente”, observa o economista.

 

Segundo Silva, as experiências passadas de saques do FGTS mostram que este valor, ao chegar à economia, além de pagar dívidas, certamente irá para o consumo, “o que, mesmo com certa cautela, traz um alívio, um alento, uma esperança, em meio a um cenário que não está fácil, com inflação, desemprego e as incertezas que o cenário político traz”.

 

Gabriela Martins, da Fecomércio, acentua que o setor vem sofrendo muito com o aumento da inflação, atrelada principalmente a bens essenciais como os alimentos, gás de cozinha, combustíveis, entre outros. “Isso vem gerando um impacto negativo no comércio, pois as pessoas gastam cada vez menos com bens tidos como não essenciais”, destaca.

 

E mesmo que as pesquisas da Federação mostrem expectativas positivas dos empresários para o primeiro semestre, um outro impacto negativo ronda o comércio, que é o aumento da inadimplência. “A gente vem acompanhando os índices, que estão aumentando muito e atingindo patamares históricos, o que faz com que as pessoas passem a ter menos acesso ao crédito e, com isso, consumam menos”, alerta a economista.

 

Esta é uma preocupação do economista da Associação Comercial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca. “Para o empresário do comércio, o saque é positivo pois, a curtíssimo prazo, deve gerar um aquecimento nas vendas. Mas pode gerar um problema macroeconômico lá na frente, que é o aumento da inadimplência”, diz o economista.

 

“A injeção de recursos do FGTS não vai resolver o desaquecimento das vendas causado pela inflação e pelo aumento dos juros. Solução só mesmo com o fim da guerra na Ucrânia e um processo eleitoral sem instabilidades. Aí poderemos esperar uma taxa de câmbio estável e a volta da inflação às metas estipuladas pelo Banco Central”, finaliza Casaca.

 

 

Crédito foto: FCDL/MG 

Fonte: FCDL/MG

Autor: Diário Do Comércio

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