Gestão, inovação e tecnologia: o segredo para um negócio relevante
Como uma empresa pode continuar relevante para o consumidor? Para o especialista em tecnologia e marketing Kenneth Corrêa, a resposta está na resiliência do empreendedor e na sua capacidade de reinventar a si e ao seu negócio. “Não dá mais para fazer negócios como sempre se fez, tem que estar pronto, com a cabeça aberta e próximo da tecnologia e das inovações, para não perder o bonde e continuar sendo relevante”, afirma.
Nos dias de hoje, para conquistar a mente e o coração de um consumidor não é suficiente um bom produto e serviço, o negócio precisa estar alinhado com as pautas e bandeiras de seus clientes. E a tecnologia pode ser uma importante aliada do empresário e sua empresa neste que é um de seus maiores desafios.
“Esta combinação da tecnologia com as práticas de gestão é crucial. A gente fala muito que tem uma diferença entre criatividade e inovação: criatividade é você ter a ideia bacana, é pensar algo que nunca alguém pensou antes, é você combinar ideias diferentes; e inovação é quando você bota isso de pé como negócio, quando você gera resultado efetivo para a empresa. Então, quando a gente fala do uso da tecnologia, a relação é a mesma. A tecnologia pela tecnologia não serve para nada. Serve na hora que você está aplicando e botando para rodar”, avalia Kenneth Corrêa.
O especialista estará na 56ª Convenção Nacional do Comércio Lojista (CNCL), evento que ocorre em Campos do Jordão (SP), entre os dias 12 e 15 de maio. Participará, na manhã do dia 13, da palestra ‘O impacto da liderança e da tecnologia no varejo’, e dividirá o palco com a advogada Lisiane Lemos.
Kenneth Corrêa é diretor de Estratégia da 80 20 Marketing, e há 15 anos planeja, desenvolve e monitora projetos de marketing e tecnologia. Tem MBA em Gestão Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas, onde atualmente também é professor.
Esta semana, a equipe da Varejo S.A. conversou com Kenneth sobre os desafios dos varejistas com relação à tecnologia. Confira:
Muito se fala o quanto a pandemia forçou os empreendedores brasileiros a se digitalizar e como isso também mudou o comportamento dos consumidores. Como esta realidade influencia a maneira de consumir e fazer negócio?
Na verdade, a pandemia acelerou a digitalização. Em dois anos, tivemos um crescimento que demoraria 15 anos para acontecer, do ponto de vista de adoção do e-commerce, por exemplo. Mais pessoas passaram a comprar através de aplicativos ou de lojas virtuais. Então, sem dúvida nenhuma, este foi um movimento muito forte.
Agora, a tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia. Quando olhamos as transformações que estão acontecendo em 2022, a aceleração destas transformações é muito maior agora do que era no ano anterior, e que, por consequência, era muito maior do que foi na década anterior. Tudo isso porque a tecnologia está mais próxima do nosso dia a dia.
O brasileiro passa uma média de 11 horas por dia conectado à internet e, principalmente, a maior parte destas horas através do telefone celular. Então, isso trouxe a tecnologia para a mão de boa parte dos consumidores. Imagine uma nova empresa, o tempo que ela demora para chegar nas mãos e nos rostos de 150 milhões de brasileiros é instantâneo. Então, a gente não tem mais esta barreira da adoção da tecnologia.
É interessante saber que cada pessoa, cada perfil de pessoa, cada geografia tem adoções e comportamentos completamente diferentes um do outro. Temos os nichos específicos e, hoje, a gente é influenciado de várias maneiras, primeiro porque agora não tem mais um canal de TV único que todo mundo assiste. Então, você tem uma fragmentação das experiências dentro do telefone celular que muda totalmente a forma para chegar nessas pessoas e convencê-las a comprar também.
Hoje, a tecnologia é uma das maiores aliadas dos negócios. Que tecnologias podem facilitar a vida dos lojistas em geral, sobretudo o de pequeno porte?
Sem dúvida nenhuma, as tecnologias são aliadas – ainda que possam ser inimigas também. Pensando neste pequeno negócio que quer aproveitar das tecnologias, a grande dica que a gente dá é: a resposta está sempre na cabeça do consumidor. Se você quer entender que tecnologia vai te ajudar estar mais perto do consumidor, fique perto dele. Na jornada de compra, quando o consumidor tem que tomar decisões, você tem que entender por onde ele passa.
Desde que chegou, o Google é extremamente relevante para a tomada de decisão dos consumidores. Então, você tem que estar presente no Google Meu Negócio, ferramenta gratuita na qual você cadastra o seu estabelecimento comercial, e quanto mais informações você preenche, mais chance tem de aparecer. Você precisa criar o hábito nos seus consumidores de fazer avaliações e recomendações do seu negócio usando o Google Meu Negócio, porque quanto mais estrelinhas você tiver ali, melhor nota; e quanto mais avaliações em termos de volume, mais visibilidade você ganha. Quem não quer estar à frente em uma ferramenta que recebe 300 milhões de buscas todos os dias só no Brasil? Então, o Google Meu Negócio é um caminho incrível para este pequeno negócio estar presente.
Segundo, pensando de novo na jornada do consumidor, onde é que a gente está o dia inteiro? No WhatsApp! O aplicativo está presente para 96% dos brasileiros que usam a internet. São cerca de 180 milhões de contas de WhatsApp no Brasil para 215 milhões de habitantes. Então, se a pessoa tiver um smartphone, tiver esta tecnologia na mão, ela tem uma conta no WhatsApp! Como é que o pequeno negócio não vai estar lá?! Portanto, deve criar a sua conta no WhatsApp Business, que é para empresas e gratuito. E o WhatsApp Business tem uma solução agora na qual você cadastra os seus produtos e a sua empresa, do mesmo jeito que cadastra no Google Meu Negócio, e as pessoas podem encontrar o seu estabelecimento fazendo busca pelo WhatsApp dela. Então, é mais uma forma de você estar presente.
Terceiro, o uso das redes sociais. A combinação entre Instagram e WhatsApp ou, agora, entre TikTok e WhatsApp, é incrível, porque você pode colocar o link do seu WhatsApp na sua bio e sempre remeter as pessoas ao atendimento. Você produz o conteúdo dentro destas redes sociais para ganhar visibilidade e chamar atenção. E não é só produzir conteúdo, é preciso colocar ali alguma graninha, gastar ali R$ 50, R$ 100, R$ 200, R$ 500 para ter visibilidade.
Além disso, pensando nos pequenos negócios, toda a rede social joga a pessoa para o WhatsApp.
Agora não espere que a pessoa já chegue comprando. Ele quer conversar, fazer perguntas e a tomada de preço. Então, você também tem que estar com o negócio pronto e disposto, para atender um cliente que entra digitalmente na sua conta de WhatsApp, do mesmo jeito que você atende um cliente que entra na sua loja física.
E de que maneira novas tecnologias e boas práticas de gestão podem ajudar a empresa a cumprir com o seu propósito?
Esta combinação da tecnologia com as práticas de gestão é crucial. A gente fala muito que tem uma diferença entre criatividade e inovação: criatividade é você ter a ideia bacana, é pensar algo que nunca alguém pensou antes, é você combinar ideias diferentes; e inovação é quando você bota isso de pé como negócio, quando você gera resultado efetivo para a empresa. Então, quando a gente fala do uso da tecnologia, a relação é a mesma. A tecnologia pela tecnologia não serve para nada. Serve na hora que você está aplicando e botando para rodar.
Já com relação às práticas de gestão, é basicamente você ter planejamento. Por que está fazendo isso? Onde quer chegar? Quanto está disposto a gastar? Como vai avaliar/medir o resultado? Então, é a gestão do ponto de vista do planejamento, é a gestão do ponto de vista da avaliação dos resultados. Se você coloca isso na cabeça e começa a experimentar estas novas tecnologias – claro, tem que estar bem orientado, pesquisar, aprender e conhecer –, entendendo como aquilo vai gerar impacto no negócio, os resultados aparecem.
Um erro muito comum das pessoas é olhar para as redes sociais e tentar medir o resultado através do número de seguidores ou de curtidas. Quem ganha dinheiro com seguidores e curtidas é o Mark Zuckemberg, é a Meta. As outras empresas, sobretudo as pequenas, ganham dinheiro com a venda do produto delas ou quando alguém entra na empresa e cria uma conta e paga uma assinatura de um serviço.
Temos que ter muito claro o uso da tecnologia aplicada ao negócio, puxando a tecnologia para o dia a dia. Pensar sim em adquirir novos clientes, mas não esquecer de atender bem os clientes que já tem. Pensar sim em ganhar a novos mercados, mas não esquecer que precisa otimizar os seus custos internos. Em muitos casos, a tecnologia vem para gerar otimização, para diminuir esforços de atendimento, para gerar uma experiência mais rápida para quem já é teu cliente e, claro, em alguns casos, também alcançar aqueles que não tinha alcançado antes.
Você é um especialista em tecnologia e gestão, e na Convenção terá o desafio de falar sobre tecnologia, liderança, varejo e propósito. O que o nosso público pode esperar da tua participação?
Estou extremamente animado com o nosso encontro na 56ª CNCL. Os associados do Sistema CNDL podem esperar exemplos e casos práticos de empresas que não perdem de vista o seu propósito e entendem por que elas estão ali, e ao mesmo tempo estão reinventando totalmente a maneira de fazer negócios.
No fim do dia, a gente quer entender quem é o nosso consumidor, quais são as dores, os anseios, os desejos e as necessidades, e bolar um produto para atender a este cliente e entregar isso através de serviços, com pagamentos recorrentes, gerar valor e atender o propósito do negócio. Agora, isso significa que a gente não está fazendo mais o business as usual. Não dá mais para fazer negócios como sempre se fez, tem que estar pronto, com a cabeça aberta e próximo da tecnologia e das inovações, para não perder este bonde e continuar sendo relevante.
Crédito foto: Varejo S.A
Fonte: VAREJO S.A
Autor: Varejo S/A