09/08/2024 GESTÃO

Mulheres pagam mais juros que homens para empreender no Brasil

Mulheres pagam mais juros que homens para empreender no Brasil

Mulheres empreendedoras no Brasil pagam mais juros em financiamentos do que homens. A realidade foi constatada em uma pesquisa feita pelo Sebrae Nacional. Conforme o levantamento, feito com dados do Banco Central, a taxa média usada para Microempreendedores Individuais (MEI), micro e pequenas empresas é de 36,8% ao ano. No entanto, o percentual aplicado para o público feminino é de 40,6%.

 

Os dados constam na pesquisa “O financiamento do empreendedorismo feminino no Brasil: um panorama do mercado de crédito”, feito levando em consideração operações no primeiro trimestre do ano. A desigualdade é mais latente no Rio de Janeiro, de acordo com o Sebrae. No estado carioca, homens empreendedores contratam financiamentos com juros de 47,96%, enquanto as mulheres que empreendem recebem uma cobrança em torno de 13% maior, de 60,49% ao ano.

 

Em Sergipe, o custo assumido por elas é de 58,54% ao ano, contra a média de 36,42% paga pelo conjunto de negócios de pequeno porte. E no Ceará, onde o segmento atua com taxa média de 40,72%, para as microempreendedoras individuais é de 58,42%. A inadimplência, por sua vez, é praticamente a mesma, considerando as operações de crédito realizadas no primeiro trimestre do ano, entre empresas geridas por homens (7,1%) e os negócios liderados por mulheres (7,6%).

 

“Portanto, não se sustenta a especulação de que o empréstimo às mulheres seria uma transação financeira de maior risco devido a uma falta de compromisso com o pagamento do financiamento”, atestou o Sebrae.

 

Mais juros e menos crédito

 

Além de arcarem com uma taxa de juros maior, as mulheres ficam com uma fatia menor dos recursos que o mercado de crédito disponibiliza para o pequeno negócio, de acordo com o Sebrae. O estudo mostrou que as empreendedoras respondem por quase 40% do total de 23,1 milhões de operações realizadas no primeiro trimestre deste ano. No entanto, em termos de valores, só tiveram acesso a 29,4% dos R$ 109 bilhões de empréstimos destinados ao segmento.

 

Ou seja, o valor do crédito concedido é superior quando se trata de um empreendimento gerido por um homem. “Não estamos diante de aspectos estritamente econômicos. Há componentes estruturais que precisam ser reconhecidos, para o desenho e a implementação de ações, no âmbito público e privado, tais como os próprios papéis de gênero estabelecidos, que tendem a desvalorizar as capacidades empresariais das mulheres, resultando em um preconceito implícito por parte das instituições. Temos ainda questões de cunho sociocultural, incluindo responsabilidades domésticas desproporcionais e falta de apoio institucional, que resultam em menos tempo para dedicar-se ao negócio”, opinou Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae.

 

Responsável pela realização do estudo, Giovanni Bevilaqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos da Unidade de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae Nacional, concorda que os números, além de refletir aspectos culturais da sociedade, devem nortear ações que busquem a equidade. “O levantamento e a própria disponibilidade dos dados, até então inéditos no país, de forma pública, devem subsidiar outros estudos, tanto nossos quanto de pesquisadores em geral, para ampliarmos o apoio aos pequenos negócios no Brasil, com redução das desigualdades, inclusive a de gênero”, apontou.

 

 

Crédito foto: lookstudio/freepik.com

Fonte: Https://fcdlmg.org.br/

Autor: FCDL/MG

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